Parar é Acelerar

Tuesday, July 26, 2022

É quando desaceleramos, paramos, que se dá a evolução, se criam novas possibilidades. Contudo, o que fazemos, na maioria dos casos, é estar sempre em actividade ou por vezes apenas em movimento, porque acreditamos que só assim o desempenho pode ser superior.

A preocupação com desempenho, entenda-se resultados, é constante. Para melhorar, trabalha-se mais horas, mais depressa, mais investimento em tecnologia, abdica-se da vida pessoal, tudo em nome do desempenho. A razão deste comportamento é, muitas vezes, a cultura das organizações que nos empurra para isso. Mas essa não pode, não deve, ser a única explicação.

Este caminho tem em si mesmo uma dificuldade fundamental. Há um limite para as horas de trabalho, para fazer mais depressa, para o impacto da tecnologia no desempenho, para abdicar da vida pessoal, etc. Fazer mais, mais, e mais… também a nossa energia tem limite!

Para melhorar desempenho, há outra variável que deve fazer parte dos nossos planos, a evolução pessoal. É necessário trabalhar o desenvolvimento pessoal, quer de competências específicas da actividade, quer de competências transversais. A evolução tem que ver com a aprendizagem de novos conhecimentos e a sua aplicação. Se nos mantivermos no registo habitual, em “modo de repetição”, dificilmente se abrirão possibilidades de aprendizagem. É necessário parar, perceber o que aconteceu, pensar na forma como fizemos e sobretudo de como iremos fazer. Sem a pausa, que possibilita a análise e a projecção do novo comportamento, dificilmente haverá evolução.

A ideia de que as pausas apenas servem para descansar, repor energias, é um conceito do mundo industrial, no qual já não vivemos. É importante perceber todo o potencial que proporciona. Para isso, é necessário saber como utilizá-la. A pausa deve ser activa, produtiva, aproveitada com inteligência e deve ter sempre um propósito.

No contexto do dia de trabalho (5-10 min). Para baixar stress - procurar estar com alguém cuja simpatia seja mútua, acalma mais do que feita com uma pessoa indiferente ou só; Para desbloquear raciocínio - ao insistir, procurar focar-se, pode bloquear ainda mais, uma pequena pausa permite que as ideias se “alinhem” e voltar ao trabalho depois. Neste caso, pode ainda utilizar outra técnica. Saia do seu local de trabalho habitual, a sua secretária por exemplo, vá para uma mesa com um papel branco e tente tomar notas, após alguns minutos as ideias começam a surgir com naturalidade. Quando achar que deve, volte ao local habitual e continue o trabalho; Para recarregar as energias - não atingir o limite ou perto, aí é mais difícil recuperar;

Num contexto mais alargado, semanal ou mensal, pausa (30-60 min). Para perceber o que fiz e o que quero fazer. Habitualmente, este exercício confunde-se com planeamento, não é disso que estamos a falar. Este é o momento de ver onde estou a colocar as minhas energias, nos meus objectivos ou nos objectivos dos outros, quem me consome mais energia, quem me dá energia. Estou a reagir ou a ser proactivo? Estou a endereçar as minhas responsabilidades ou estou a ignorá-las?
Resumindo, é o momento de pensar que caminho percorre. Estou a evoluir, ou a consumir-me? O meu desempenho está a melhorar?

Temos outro tipo de pausa, a não voluntária. Provavelmente a mais produtiva! Todos já experimentamos o momento em que temos uma ideia. Quando estamos, no duche, a passear, a conduzir, em todos eles podem surgir ideias. A razão é ausência de focalização nos problemas, que permite que as soluções já trabalhadas pelo nosso cérebro possam imergir (se quiser saber mais pesquise “Neuroscience the AHA moments"). Se as compreendermos, podemos gerir o nosso comportamento e evitar despender energias.

Não posso deixar este tema sem falar sobre as pausas mais alargadas, as miniférias ou as férias. Estar na praia, num qualquer outro fantástico lugar, apenas fisicamente, não é uma pausa, é apenas continuidade embora noutro local físico. Estar, mas não estar presente, é fonte de ansiedade para nós e provavelmente de infelicidade para aqueles que estão connosco. A diferença está em estar presente, estar no local, viver o que estamos a fazer naquele momento e viver as pessoas com quem estamos.
Provavelmente não pode estar “desligado” do escritório durante todo o tempo. Mas, umas horas talvez seja possível. Nessas, esteja presente, esteja efectivamente. É uma oportunidade de ser. É esse momento que nos permite encontrar a paz e baixar a agitação mental que nos impede de SER e de ESTAR.

Estes momentos ajudam-nos a reorganizar, a concentrar, a projectar o futuro, partindo para a acção com focalização no essencial. Com menor agitação haverá mais clarividência, colocando a energia no que tem impacto. Melhora-se o desempenho e muito provavelmente a qualidade de vida. Abandonar o movimento, “o modo de repetição”, partindo para acção! Parar é acelerar.

Navegação

Tel: +351 961 624 038


Email: paulo.neto@paulonetocoach.pt


Política de Cookies

Os cookies neste site são utilizados para garantir o funcionamento adequado, oferecer boa experiência de navegação e efetuar análises de utilização. Em qualquer momento, pode limpar o seu registo de cookies no seu navegador de internet.

Coaching Profisssional e Agile Coaching
2022 Building Bridges - Todos os direitos reservados