Meditação da Atenção
[…] sente-se confortavelmente de costas direitas e o corpo descontraído. Comece por se concentrar na respiração – quer na subida e descida do abdómen, quer nas sensações das narinas à medida que o ar entra e sai. Repare na corrente interminável de dezenas de sensações que constituem a experiência de cada movimento respiratório. Quanto mais clara e sensível se torna a consciência, mais sensações poderá observar num único movimento respiratório.
Passado pouco tempo, uma outra experiência irá captar-lhe a atenção. Poderá ser um som ambiente, uma pontada no corpo ou um pensamento ou uma imagem na mente. Seja o que for, se a sua mente for atraída para isso permita que a sua atenção mude para essa experiência e a explore atentamente. Se for um som, tente ouvir as vibrações. Se for uma dor no corpo, tente explorá-la tão profundamente que lhe seja possível identificar essa sensação – como um formigueiro ou uma pressão – que nós interpretamos como dor.
Na sua mente, poderá ver algumas das mais misteriosas e poderosas forças que tocam a sua vida: as imagens mentais as fantasias, as emoções e os pensamentos que modelam as suas experiências. Repare na forma como uma imagem ou fantasia surge subitamente e parece tão realista que, por um momento, se deixa perder nela e a tomar por uma realidade. Emoções como a raiva, o medo, e a alegria irão desfilar pela sua consciência, cada uma trazendo consigo o seu mundo. […]
Os pensamentos, as emoções, as imagens e as fantasias surgem na mente e permanecem aí por um instante e desaparecem. Ao contrário do que muita gente acredita, a tarefa da meditação não consiste em esmagá-los, nem sequer em combatê-los. Basta observá-los e analisá-los e estes mudam e partem por si próprios. Quando isso acontecer volte simplesmente a sua atenção para a respiração e comece a explorá-la novamente.
A meditação da percepção é uma dança rítmica de consciência. Começa por explorar a respiração, depois investiga tudo o que atrair a atenção e depois, regressa à respiração. Todo o processo é bastante suave e permissivo. Não precisa de combater ou forçar, de algum modo, a sua mente. Não precisa de tentar provocar certas experiências nem de acabar outras. Nada lhe é pedido, a não ser que se mantenha sempre consciente. Não existem distracções que possam preocupá-lo, pois as “distracções” são apenas novas experiências para explorar. Não precisa de julgar como boas ou más; basta explorá-las e aprender com elas.
Autor: Roger Walsh - Livro "O essencial da Espiritualidade"